sábado, 17 de novembro de 2012

armadilhas do "face"

Estava lendo sobre sociologia e achei um material muito bom num blog chamado Elezea. O conteúdo era sobre comunidades virtuais como o Facebook.
Então... eu não tenho facebook, mas o Tiago sim. De vez em quando, ele me mostra algum assunto que está repercutindo entre os usuários ou estudo científico que publicaram.
Claro que o momento de uso do facebook do Tiago rende algumas visitas em perfis de outras pessoas. Geralmente, vejo fotos de primas minhas que estão grávidas e que tiveram bebê a pouco tempo. Mas logo na primeira página do facebook, aparece as atualizações do pessoal. Acabo vendo também. 
Vejo a foto, mas também vejo os comentários. E, às vezes, me sinto mal. Me sinto mal porque sei que aquela pessoa que comentou a foto de fulano, não é tão carinhosa quanto o seu comentário. Não se empolga tanto com o fulano presencialmente. Então, por que tantos pontos de exclamação?
Alguém escreve um comentário que não "combina" com o que a pessoa é de verdade, ao vivo e a cores. Daí, você pensa: "Fulano escreveu isso por que? Ele não é assim. Não entendi qual é a dele."
Sentimento de indignação. E também de impotência. Sim, porque você não vai responder o comentário: "Fulano, não sei o que você quer dizer com o que escreveu, mas lembre-se que quando nos encontramos você não conversa comigo direito, não me procura para compartilharmos ideias (família, estudo, casa, trabalho), nem acha válido em sentar um pouco comigo."
Acontece também outros fatos seríssimos. A pessoa "X" posta uma foto de um momento que a seu ver foi muito legal. Então, se essa pessoa não receber um número significativo de "curtir" ela não ficará satisfeita e acabará achando que aquela foto não é tão legal quanto pensou, ou, ainda, que aquele momento que viveu não foi tão importante quanto sentiu. Pode ser que essa pessoa sinta até vergonha por ter postado uma foto que não recebeu tantos "curtir" e/ou comentários. E, por fim, a pessoa "X" tenderá a se sentir triste por: 
  • as pessoas não me acham interessante;
  • as pessoas não tem vontade de se relacionar comigo;
  • sou uma pessoa chata.
Ou seja, a pessoa "X" atribui o valor do momento que foi registrado por foto e postado por ela a vários "curtir" e comentários. Acabará supondo que aquele momento que viveu e que achou muito bom foi bobagem porque não recebeu admirações, elogios infinitos, exclamações mil.
Outro fator e, talvez, o mais comum: fotos, fotos, fotos, frases, frases, frases. Pessoas postam fotos e frases loucamente. Querem que as outras deem a elas uma espécie de famosidade. Querem brilhar e mostrar o quão autênticos e engraçados são: desde pratos de comidas exóticas, passando por bens materiais, até acrobacias. Aí, provocam naquelas que comentaram e naquelas que não deixaram seus comentários, mas que viram a foto ou frase da vez: inveja, ciúmes, raiva, sentimento deprimido, queda de auto-estima.
Por fim, o assédio. Algumas pessoas usuárias de facebook criam dependência por outras. Visitam inúmeras vezes o perfil de outros usuários para checar se houve alguma atualização. Se não, reveem fotos que foram postadas há algum tempo, comentários antigos. Mas os sentimentos envolvidos nessas visitações percorrem àqueles já citados: inveja, ciúmes, raiva. Talvez alto nível de curiosidade. Desenvolve-se, então, o vício. Vício de querer sentir tais sentimentos, de saber que sentirá, mas quer sentir. Esse tipo de curiosidade move sentimentos ruins. E pessoas os alimentam pelo simples fato de checar atualizações, de querer saber se houve novas publicações de fulano.
Gostar de sentir sentimentos ruins? Não sei. De sofrer por que fulano está lindamente alegre? Não sei. Mas há. Existe. Acontece.
O próprio nome já diz: diário. Pessoas estão levando muito a sério a meta do facebook: escreva o seu diário, mas publique-o incessantemente. 
Por que? Por que o ser humano muitas vezes busca se socializar de forma tão ruim? Por que usar de fotos e frases para se enaltecer a custas de "curtir" e comentários? Por que essa vontade descabida de elogios (que  referem-se muitas vezes ao físico, material) sem fim (ex: Como você está lindo!; Que magrinha!; O seu sapato é maravilhoso!)? Por que extrapolar o saudável e/ou sensurá-lo? Por que provocar negativamente?
Não gosto de viver individualmente. Cada um vive do seu jeito, faz o que quer, educa filhos como quer. Porque eu e meus filhos estamos vivendo com outras pessoas e, justamente por isso, gostaria que essas pessoas procurassem compartilhar de ideias comigo a fim de que juntos alcancemos qualidade de vida, que se estenderão aos nossos filhos. Ou melhor, se compartilharmos, os resultados produzidos serão aproveitados vivencialmente pelos nossos filhos. 
Eu fico triste quando vejo pais que educam como quer, "cada um cuida do seu". Porque amanhã o meu filho vai se relacionar com o filho desses pais seja na universidade, no trabalho, mas eu não saberei como será esse filho criado "cada um cuida do seu" porque nós, pais, não compartilhamos. Como será o futuro se o presente é tão egoísta, auto-suficiente? Como anunciaremos o evangelho se nem criação de filhos compartilhamos uns com os outros? Esse assunto deveria ser discutido de forma prazerosa, mas está cada vez mais sendo guardado a sete chaves.
Sociologia vai longe...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Paternidade

O Tiago trabalha muito, o dia todo. E mesmo tendo dificuldades com tempo, exerce a paternidade com a vontade de alcançar a maternidade. Não gera, não amamenta... mas queria. É fantástico. É o lúdico da minha casa. E não troco por nada.

Graças a Deus somos dois.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Desenvolvimento cultural

Estava lendo sobre resguardo quando me deparei com um comentário de uma mulher não grávida. A mesma mulher questionou o resguardo com a seguinte pergunta: "Isso existe mesmo ou é coisa de avó?". Pois eu respondo em bom tom: existe mesmo, não é frescura e não deve ser negligenciado.
São 40 dias, 6 semanas, para que o trabalho de involução uterina (fechamento do útero) aconteça. Afinal, foram 9 meses crescendo!
E se dentro desses 40 dias a puérpera fizer algo de mais forçado, o sangramento que já estava de cor marrom, volte a ficar vermelho vivo. É o corpo alertando sobre a necessidade de repousar. Portanto, mesmo que estejamos nos sentindo ótimas, com energia, devemos respeitar o resguardo. Nossas avós tem razão. O corpo é o mesmo, apenas acrescente a modernidade. 
Falando em puerpério...
Fui a aula ontem, com minhas duas bonecas, e assistimos a um documentário sobre desenvolvimento cultural. Tivemos que observar diferenças e semelhanças de 4 grávidas, de 4 países diferentes, e seus bebês ainda na barriga, partos e vida das crianças até o primeiro ano completo. Os países: Japão, Estados Unidos, Namíbia e Mongólia. 
Quanta diferença! Comportamento das gestantes durante o últimos mês; rituais para parir; puerpério e cuidados com recém-nascido. Mas dá pra afirmar que uma cultura é mais desenvolvida que outra? São centenas de anos vivendo de uma certa forma escolhida por possuírem tais recursos, tais territórios, tais resistências imunológicas. E por que o país "X" não recorre a tecnologia do país "Y" para que a competência linguística das suas crianças seja melhor desenvolvida? Porque é cultura. É tradição. É desconstruir para construir para um estado melhor? Não sabemos no que uma adoção de tecnologia implicaria. Os nossos indígenas consideraram-se menos "culturais" que os portugueses, e, os portugueses, mais "culturais". O resultado foi morte e reinado, respectivamente.
Semelhança: todas as mães conversam com seus filhos. Ou melhor, todas as mães tem linguagem maternal e usam-na com seus filhos.
A nossa cultura, ocidental, é de celebração. Celebramos a gravidez, o recém-nascido, o primeiro sorriso, a primeira papinha, as primeiras palminhas, os primeiros passinhos. Mas e a mulher puérpera? Celebramos?
Entendemos celebrar também como cuidado.
Quando se está grávida são paparicos, mimos, filas preferenciais, cafés da manhã, almoços e lanches ao gosto da gestante. É legal. Claro que é. É preciso? Demais. Pelo bem dos bebês que estão sendo gerados. A nossa sociedade, a nossa cultura trata bem as gestantes. Mas e a mulher puérpera? É cuidada?
As mulheres puérperas são mulheres que deram à luz recentemente, com um bebê recém-nascido, com os peitos cheios de leite, muitas vezes de pijama, muitas horas de sono acumuladas e com sangramento pós parto. 
Então, pessoas vão até suas casas para especular sobre o bebê, checar a sua barriga: voltou ou não?, comer o lanche, ficar ofendida se você pedir para lavar as mãos antes de pegar o bebê (quando pedem para pegar o bebê) ou se pedir para vir outra hora, porque você não conseguiu repousar durante o dia. Ou ainda, pedir pra vir outra hora, já que a visita acabou de sair de uma gripe ou resfriado.
Perguntam se o bebê dorme e se tem cólicas. Se o recém-nascido tem irmão, perguntam se o irmão tem ciúmes. Mas não perguntam se a puérpera está se recuperando do parto. Aliás, quando se passou por uma cesariana, muitas pessoas supõe (ou até te cobram) que no dia seguinte você deveria estar virando cambalhota. Deveria? Afinal de contas, estamos no modernismo. Ou seja, anula-se a mãe.
Seria muito bom se as pessoas oferecessem a ajuda de que os pais (que acabaram de ter bebê) realmente precisam, e, entendessem que, por mais inexperiente que sejam, são eles quem melhor sabem cuidar do bebê. E ainda, que respeitem a mulher que é a fonte para o seu filho, física e emocional.
Seria muito bom se as pessoas "doidas pra pegar o bebê no colo", se oferecessem pra lavar a louça, levar algum lanche carinhosamente preparado, ler um livro para seu filho mais velho. E não deixar um presentinho, a mãe exausta e o bebê recém-nascido super agitado.
As pessoas deveriam se compadecer. Não deveriam falar e agir só porque querem, porque deu vontade... a fim de atenderem à elas mesmas. Ter uma mulher puérpera por perto é uma ótima oportunidade de correr atrás da cidadania e exercê-la. Cuidar da mulher puérpera é cuidar do bebê. Desenvolvemos, então, a cultura de visitar para ajudar e não para especular.