terça-feira, 6 de novembro de 2012

Desenvolvimento cultural

Estava lendo sobre resguardo quando me deparei com um comentário de uma mulher não grávida. A mesma mulher questionou o resguardo com a seguinte pergunta: "Isso existe mesmo ou é coisa de avó?". Pois eu respondo em bom tom: existe mesmo, não é frescura e não deve ser negligenciado.
São 40 dias, 6 semanas, para que o trabalho de involução uterina (fechamento do útero) aconteça. Afinal, foram 9 meses crescendo!
E se dentro desses 40 dias a puérpera fizer algo de mais forçado, o sangramento que já estava de cor marrom, volte a ficar vermelho vivo. É o corpo alertando sobre a necessidade de repousar. Portanto, mesmo que estejamos nos sentindo ótimas, com energia, devemos respeitar o resguardo. Nossas avós tem razão. O corpo é o mesmo, apenas acrescente a modernidade. 
Falando em puerpério...
Fui a aula ontem, com minhas duas bonecas, e assistimos a um documentário sobre desenvolvimento cultural. Tivemos que observar diferenças e semelhanças de 4 grávidas, de 4 países diferentes, e seus bebês ainda na barriga, partos e vida das crianças até o primeiro ano completo. Os países: Japão, Estados Unidos, Namíbia e Mongólia. 
Quanta diferença! Comportamento das gestantes durante o últimos mês; rituais para parir; puerpério e cuidados com recém-nascido. Mas dá pra afirmar que uma cultura é mais desenvolvida que outra? São centenas de anos vivendo de uma certa forma escolhida por possuírem tais recursos, tais territórios, tais resistências imunológicas. E por que o país "X" não recorre a tecnologia do país "Y" para que a competência linguística das suas crianças seja melhor desenvolvida? Porque é cultura. É tradição. É desconstruir para construir para um estado melhor? Não sabemos no que uma adoção de tecnologia implicaria. Os nossos indígenas consideraram-se menos "culturais" que os portugueses, e, os portugueses, mais "culturais". O resultado foi morte e reinado, respectivamente.
Semelhança: todas as mães conversam com seus filhos. Ou melhor, todas as mães tem linguagem maternal e usam-na com seus filhos.
A nossa cultura, ocidental, é de celebração. Celebramos a gravidez, o recém-nascido, o primeiro sorriso, a primeira papinha, as primeiras palminhas, os primeiros passinhos. Mas e a mulher puérpera? Celebramos?
Entendemos celebrar também como cuidado.
Quando se está grávida são paparicos, mimos, filas preferenciais, cafés da manhã, almoços e lanches ao gosto da gestante. É legal. Claro que é. É preciso? Demais. Pelo bem dos bebês que estão sendo gerados. A nossa sociedade, a nossa cultura trata bem as gestantes. Mas e a mulher puérpera? É cuidada?
As mulheres puérperas são mulheres que deram à luz recentemente, com um bebê recém-nascido, com os peitos cheios de leite, muitas vezes de pijama, muitas horas de sono acumuladas e com sangramento pós parto. 
Então, pessoas vão até suas casas para especular sobre o bebê, checar a sua barriga: voltou ou não?, comer o lanche, ficar ofendida se você pedir para lavar as mãos antes de pegar o bebê (quando pedem para pegar o bebê) ou se pedir para vir outra hora, porque você não conseguiu repousar durante o dia. Ou ainda, pedir pra vir outra hora, já que a visita acabou de sair de uma gripe ou resfriado.
Perguntam se o bebê dorme e se tem cólicas. Se o recém-nascido tem irmão, perguntam se o irmão tem ciúmes. Mas não perguntam se a puérpera está se recuperando do parto. Aliás, quando se passou por uma cesariana, muitas pessoas supõe (ou até te cobram) que no dia seguinte você deveria estar virando cambalhota. Deveria? Afinal de contas, estamos no modernismo. Ou seja, anula-se a mãe.
Seria muito bom se as pessoas oferecessem a ajuda de que os pais (que acabaram de ter bebê) realmente precisam, e, entendessem que, por mais inexperiente que sejam, são eles quem melhor sabem cuidar do bebê. E ainda, que respeitem a mulher que é a fonte para o seu filho, física e emocional.
Seria muito bom se as pessoas "doidas pra pegar o bebê no colo", se oferecessem pra lavar a louça, levar algum lanche carinhosamente preparado, ler um livro para seu filho mais velho. E não deixar um presentinho, a mãe exausta e o bebê recém-nascido super agitado.
As pessoas deveriam se compadecer. Não deveriam falar e agir só porque querem, porque deu vontade... a fim de atenderem à elas mesmas. Ter uma mulher puérpera por perto é uma ótima oportunidade de correr atrás da cidadania e exercê-la. Cuidar da mulher puérpera é cuidar do bebê. Desenvolvemos, então, a cultura de visitar para ajudar e não para especular.

6 comentários:

  1. Nossa, não sabia que vc se sentia assim.
    Comigo, não lembro de ter sentido isso muito forte: especulação e ser deixada de lado. Além dos paparicos do marido, e depois, dos outros filhos, os avós ajudavam (principalmente qdo foi o Lucas e eu ainda não tinha empregada).
    Apesar de achar legal ver a Babby falando que lá o pessoal reveza nos cuidados da casa da puerpéria, posso dizer que não senti falta disso.
    Pegar o nenem no colo é outra coisa que sinto diferente. Qdo alguém vem e quer pegar eles eu sinto carinho e/ou admiração da pessoa com o bebê. E quem faz carinho nos meus filhos, eu sinto em mim. Acho até um comportamento meio animal, as pessoas não se aguentam simplesmente olhar aquela coisinha mais preciosa, querem pegar no colo e pra mim isso é criar laços tb, deles com o bebê e com a família.
    Eu sentia falta era qdo não vinham visitar. Principalmente dos mais chegados e da família.
    Realmente nem precisa trazer presentinho, apesar de ver isso como mais um carinho. Pra mim podiam só vir, pegar no colo, bater um papo comigo, especialmente por causa das depressões e pq com bebê novinho a gente nem sai muito... fica meio preso dentro de casa.
    Qdo as pessoas dão seus pitacos, as vezes aborrece sim, qdo são muito diferentes dos nossos e a pessoa fica insistindo. Mas temos que olhar tb a intenção. A pessoa acredita que a forma dela é a melhor maneira e falar isso mostra o desejo de querer o melhor pra criança, pros pais... Qdo mostram indiferença, um respeito muito respeitoso, até meio falso.. sei lá.. sinto distância. Essa coisa de "cada um viva a sua vida". Tem momentos que a gente até quer isso sim, mas viver assim.. eu não curto não.
    Claro que o exagero tb cansa. Se vierem em casa pra passar o dia e ainda esperar serem servidos de lanche e tal.. isso cansa mais sim, aí concordo.
    Bom... falei minha opinião, mas na boa, tá? Só contando como eu senti e vejo, não que seja O certo e tal...
    Bjs

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    1. Ah, tb não sei se foi exatamente isso que quis dizer, mas eu não acho que os pais são os que melhor sabem cuidar do bebê. Acho que somos o que fazemos tudo com a melhor intenção, com mais amor e dedicação que ninguém, mas não necessariamente melhor. Pq estamos aprendendo e é normal errar - e desejável que se aprenda com os erros. Tb fazemos de acordo com nossas possibilidades e forças, mas nem sempre conseguimos chegar no melhor de verdade, nem no melhor que gostaríamos, né?
      Eu sei o tanto de coisinhas erradas, ou que eu deveria fazer diferente/melhor, seguir exemplo de gente mais experiente e que fez diferente e que no fim a gente vê que deu certo. Tem coisa que já me corrigi e outras, continuo tentando.

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    2. Esse de comportamento animal, as vezes sinto que é mostrar e aceitar o novo indivíduo como parte da matilha, do bando. Fico imaginando a gente como cachorros, ou leões... sei lá, rs. Daí a gente dá umas lambidas pra mostrar isso, criando vínculo mesmo. Hehe.. que maneira engraçada, rs. Mas é comum eu ver assim, comparando com os animais.

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  2. Não me sinto assim. Decidi fazer esse post por causa de mães que estão na fase do puerpério e que não tem auxílio, ou, ainda, que poderiam ter... mas as pessoas que poderiam oferecer não o faz por descuido, falta de atenção. Algumas mães, até àquelas que já estão com seus filhos criados, vieram desabafar as suas dificuldades comigo. E uma das confissões foi justamente esta, do post. Então, o conteúdo do post é em nome dessas mulheres. Até pela experiência que tenho pelos anos que minha mãe trabalhou na maternidade de Londrina, no setor puerpério. Várias mães, jovens e de idades mais avançadas, com medo de ir embora para suas casas imaginando como seria cuidar de um bebê sozinha, mesmo estando acompanhada. Ou seja, estar acompanhada não significa necessariamente receber ajuda.

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  3. A experiência que digo ter, é a de ouvir relatos e a de visitar as mães na maternidade quando eu ainda morava em Londrina ou quando estava lá de férias.

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  4. Bom já que estamos falando de experiência de mães vou falar da minha também!!! Adoro mimos, quem não gosta??!!hehehe... E fui muito mimada na gestação do Dani e na fase de pós parto também!! Mais pela minha mãe, sogra e família, mas também pelos amigos, até aqueles mas distantes. Eu considero mimo até mesmo as visitas, os presentinhos que trazem para o bebê, flores, gastar tempo para fazer essas coisas. Acho que as pessoas param o que estão fazendo para ir te visitar, pegar seu filho no colo e conversar um pouco sobre esse mundo que na maioria das vezes é desconhecidos para elas, é porque gostam de vc!!! Fico até chateada quando não pegam, ou não fazem um carinho no bebê, porque é uma forma de se importar, para mim!!! Durante os 40 dias de recuperação não fiz nada em casa, minha mãe e minha sogra cuidaram de tudo e minha única preocupação era com o bebê!! Acho que essas mulheres que fizeram essas observações, de querer que a visita lavasse a louça para ajudar, não tinham como eu, mãe nem sogra que já estivessem fazem isso por elas e ficaram preocupadas com isso. Mas não acho que isso tem importante para uma visita fazer, ao meu ponto de vista. Não acredito ser especulação querer saber sobre seu dia dia, e sim querer ter algum assunto para que a visita não fique chata talvez!! Gosto de receber visita no hospital por exemplo, coisa que outras mães não gostam, então na maioria das vezes agora pergunto se devo ou não ir ao hospital porque somos diferentes, temos opiniões diferentes, e não gosto de ser invasiva também.
    Essas são minhas experiências!!!

    Beijosssssssssss

    Marcela

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